Combater a homofobia no ambiente de trabalho é um grande desafio para os gestores, principalmente por existir uma cultura que trata o assunto como brincadeira, sem a preocupação do impacto negativo que tais ofensas podem causar aos colaboradores e a produtividade da empresa.
O ambiente de trabalho é o lugar onde passamos grande parte do dia e até mesmo da vida. Ter um ambiente saudável e de respeito às diferenças é o mínimo a ser oferecido ao colaborador, pois é no ambiente de trabalho que convivemos com os mais variados tipos de pessoas, e o mesmo deve oferecer segurança para que cada um possa desempenhar sua função da melhor forma possível.
Com frequência, encontramos ou vivenciamos relatos de pessoas que são discriminadas, injuriadas e oprimidas por colegas ou até mesmo empregadores que não sabem conviver com as particularidades do outro.
A Constituição Federal, defende a promoção do bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Um dos grupos minoritários que sofre com a discriminação em ambientes corporativos é o público LGBTI+.
Segundo o Center For Talent Innovation, 61% dos colaboradores LGBTI+ escondem sua sexualidade ou identidade de gênero no ambiente de trabalho. Muitas pessoas não revelam sua opção sexual na entrevista por medo de rejeição de um recrutador preconceituoso.
Criminalização da Homofobia
No Brasil, o Supremo Tribunal Federal decidiu no dia 13/06 permitir a criminalização da homofobia e da transfobia na lei dos crimes de racismo até que o Congresso aprove uma norma específica.
Conforme a decisão da Corte:
- “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito” em razão da orientação sexual da pessoa poderá ser considerado crime;
- a pena será de um a três anos, além de multa;
- se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa;
- a aplicação da pena de racismo valerá até o Congresso Nacional aprovar uma lei sobre o tema.
A Lei nº 7.716, que criminaliza o racismo, define os crimes resultantes de preconceito de raça ou cor. De acordo com a corrente majoritária, a homofobia e a transfobia devem ser enquadradas no artigo nº 20, que prevê pena de prisão para quem praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Um levantamento feito pela Out Now Consulting, no Brasil, revelou como a população LGBTI+ se sente no ambiente de trabalho. Os dados de 2016 apontam que cerca de 9,5 milhões de brasileiros fazem parte deste grupo.
– 25% dos entrevistados já foram assediados no trabalho por causa de sua orientação sexual;
– 36% conseguem assumir sua condição com os colegas de trabalho, enquanto, 19% dizem que não é possível revelar sua sexualidade para todos na empresa.
– 1,2 milhões de brasileiros LGBTI+ não puderam consumir algum produto ou serviço por preconceito do vendedor ou fornecedor.
Ações para combater a homofobia no ambiente de trabalho
Os processos seletivos são a porta de entrada para que o trabalhador conheça os valores e a política da empresa. Já no início, ele deve se sentir confortável para ser quem é no local de trabalho.
- Para combater a homofobia no ambiente de trabalho, é necessário promover dentro dos ambientes corporativos um clima respeitoso e inclusivo para que os colaboradores possam desempenhar suas tarefas de maneira segura, longe de constrangimentos. Viver em um local amigável impacta diretamente no desempenho e produtividade das equipes.
- O colaborador deve ter em seu empregador alguém de confiança, que defenda seus direitos e que tenha livre acesso para recorrer a ele em situações de discriminação, independente do teor da mesma.
- Ações de comunicação e a promoção de diálogos que explicitam o posicionamento da empresa a favor da diversidade contribuem muito para a construção de um ambiente saudável.
Além disso existem ações simples que certamente vão reduzir os casos de homofobia nas empresas:
- acolher e fortalecer os colaboradores que se isolam do grupo por ter comportamento diferente do padrão.
- promover um debate franco sobre a necessidade do respeito as diferentes orientações sexuais.
- reprimir ou impedir os comentários preconceituosos entre os colaboradores.
- O gestor deve dar opinião sobre o tema apenas no final das discussões.
- apresentar aos colaboradores dados e pesquisas socioculturais sempre que possível.
- propor atividades que favoreçam a participação dos mais tímidos.
- manter a discussão genérica, sem se intrometer na intimidade.
- convidar os colaboradores, sempre que possível, a participar de um bate-papo sobre homofobia e diversidade sexual no ambiente de trabalho.
Ainda há muito a fazer, as empresas estão dando os primeiros passos acerca da homofobia. O importante é promover ações inclusivas que integrem a família e as empresas proporcionando um ambiente em que não existem diferenças e que o respeito sempre prevaleça.